domingo, 20 de março de 2016

TRAGÉDIA LUSA - Capítulo 2




















TRAGÉDIA LUSA
Autor: Manuel Mar.

            Capítulo 2
 Génio Imortal
           2.01
Louvor e glória ao génio imortal
Dos construtores da Lusa Nação!
O Nação assumindo o Poder Real,
Aceitou uma Pátria de diluição
Da suprema soberania do povo,
Associando-se à União Europeia.
Grande incógnita num mundo novo
É saber como viver na seara alheia,
Fazendo promover os nossos maiores,
Para superarem todos os melhores.

         2.02

Que não se esqueçam as Dinastias,
Do nosso Povo as grandes façanhas,
Que sejam feriados os mesmos dias,
Nem mudem datas usando manhas.
Quem imperou nesse mundo inteiro,
Não permitirá ultrajes à sua glória,
Ao ensinar amor ao Deus verdadeiro,
É necessário reter bem na memória,
Que houve traidores algumas vezes,
Que eram mesmo bem portugueses.

  2.03

Gasta a que foi pesada herança,
Resta à Nação quimeras e dores,
Ainda alguns nutriam esperança,
Outros viviam à custa de favores
De credores ávidos de enriquecer,
Nos cofres da Nação nada havia,
As fábricas começavam a ceder,
O campo espoliado não produzia,
Tanto ouro vendido ou penhorado,
E falidos  os que tinham porfiado.

2.04

Fartos de fatalidades e desenganos,
Os que a prudência puseram de lado,
Ancestral aculturação de Lusitanos,
E causa de infortúnios do passado,
Procuram remédio para tal aflição,
Relembrando um passado de glória,
Já à palmatória estendem a mão,
Convictos de terem traído a história,
Na imprudência de terem arriscado,
Em empresa de duvidoso resultado.

2.05

Tal situação é vivida pelos partidos,
Com preocupação e mais habilidade,
Ao povo vão enchendo os ouvidos,
As palavras são a sua especialidade,
Já não bastam desculpas antigas,
Culpar fascistas não dá resultado,
O povo está farto dessas cantigas,
Quer é o parco rancho melhorado,
Vão os partidos ajustando teorias,
Coligando-se com novas filosofias.

2.06

Contados os votos das eleições gerais,
A Aliança Democrática foi vencedora.
Governa Sá Carneiro com leis geniais
Que dão ao País bem estar desejado,
Num clima de trabalho e de alegria,
O Povo está feliz com prazer de viver,
A oposição inconformada enraivecia,
Desejos de vingança estão a remexer,
E manifestam com seus expedientes,
Ideias revolucionárias incongruentes.

2.07

Tendo o País alcançado estabilidade,
O Governo controla bem a situação,
O Povo desfrutando mais liberdade,
Auto-dissolve-se a Junta de Salvação.
Mas descontentes ficaram os golpistas,
Que queriam continuar em revolução,
E cultivar seus ideais de progressistas,
Rebuscando nova política de oposição,
E usando velhas estratégias infernais,
Destabilizaram o país ainda bem mais.

2.08

Suas técnicas vão dando resultado,
Atentados à bomba roubos a bancos,
Deixam todos impotentes e assustados,
Já rezam à Virgem e a todos os Santos,
A intriga ressurge infame difamadora,
Ao encalço reage na sombra a reacção,
Mas de forma explícita e provocadora,
O Governo enfrenta e vence a situação,
O País faz jus à sua tradição ancestral,
Honrado, trabalhador, fraterno e leal.

2.09

Desorientado da trágica fatalidade,
Na triste noite sofrida em Camarate,
O povo procura debalde a verdade,
A Assembleia da República debate,
Lá morreu gente muito respeitada,
Tal notícia acreditar era impossível,
Ninguém aceitava a vil sorte danada,
Não podia era demasiado horrível,
A morte num indescritível braseiro,
A Primeiro Ministro Sá Carneiro.

2.10

Tão fatídicas eleições à Presidência,
O País mergulhado em consternação,
Cessou a campanha de maledicência,
Um inacreditável acidente de aviação,
Vitimou o desafortunado Sá Carneiro,
Homem abnegado que a Nação amou,
Em holocausto viveu o dia derradeiro,
Lágrimas nunca ninguém tanto chorou.
Certo que teve da Divina Providência,
Merecido lugar na Eterna Residência.

    
Capítulo 2 – Génio Imortal
                Fim